No mês de Novembro estive nos EUA e pude sentir na pele, o que nós brasileiros estamos acostumados, mas os norte-americanos não: Inflação elevada e taxa básica de juros nas alturas.
E como será o próximo ano com esse cenário persistente em todo o globo?
Primeiro precisamos observar 3 pontos no cenário global: Juros, recessão e China
Os mercados já estão começando a precificar uma mudança nas taxas de juros no próximo ano. Em meio a um cenário de inflação persistente, os bancos centrais devem continuar pressionando a política monetária nos próximos meses. No entanto, estamos começando a ver sinais, principalmente do Federal Reserve, de que uma mudança para um ritmo mais lento pode acontecer. Com os recentes dados de inflação nos EUA começando a esfriar, acompanhados por uma desaceleração nos dados do mercado imobiliário americano, o Fed pode mudar para altas mais moderadas à medida que entramos em 2023 – o que pode ser bem recebido pelos mercados. A expectativa é que o Comitê de Política Monetária do Fed (FOMC) eleve as taxas para 4,50% até o final de 2022 e, depois, as mantenha estáveis até o 3T22, quando deve começar a cortar os juros no país.
Os riscos de recessão nas principais economias continuam altos. A probabilidade de recessão nas principais economias do mundo continua a crescer. Enquanto os mercados agora preveem uma probabilidade de 60% de recessão nos EUA no próximo ano, para a zona do euro a probabilidade é de 80% devido à crise energética e, consequentemente, a uma perspectiva econômica mais fraca para a região. Se uma recessão se materializar, isso pode ser negativo para o Brasil e outros mercados emergentes, enquanto os mercados desenvolvidos devem ter desempenho superior e o dólar americano deve continuar se fortalecendo à medida que os investidores globais procuram segurança. Por outro lado, se uma recessão não acontecer e a inflação global continuar elevada, esse pode ser um cenário positivo para commodities e outros ativos reais, assim como para os ativos brasileiros como vimos até agora em 2022.
A China é outro fator importante que pode impulsionar ou derrubar o crescimento global daqui para frente. Recentemente, a China concluiu o 20º Congresso do Partido Comunista Chinês com mensagens cruciais. Primeiro, Xi Jinping garantiu um terceiro mandato sem precedentes como líder do partido, nomeou seus aliados para cargos de liderança e removeu políticos conhecidos por apoiar reformas mais favoráveis ao mercado. Em segundo lugar, e provavelmente o que mais importa para a economia global, continuou a defender o sucesso da política zero-Covid. Embora o PIB de 2022 tenha sido severamente prejudicado pelos lockdowns anti-Covid e a economia provavelmente não atinja sua meta de crescimento, a expectativa agora se volta para 2023. O governo implementará estímulos suficientes para a economia chinesa se recuperar? E será que a política de zero Covid pode ser encerrada em algum momento? Atualmente, o consenso espera um crescimento de quase 5% no próximo ano – se for o caso, daria um forte impulso à demanda global e seria positivo para o Brasil. Por outro lado, se a China não fornecer estímulo suficiente e o crescimento decepcionar novamente, isso poderá arrastar a economia global para baixo.
Já aqui no Brasil, apesar das taxas de juros se estabilizarem e com a inflação sob controle, os riscos políticos ainda estão nos radares de investidores e empresários.
O crescimento econômico brasileiro deve desacelerar a partir de agora. Após um crescimento acima do esperado até o momento no ano, o ritmo da atividade econômica deve começar a desacelerar à frente como efeito de uma política monetária mais apertada, além de um crescimento econômico global mais fraco no exterior. A boa notícia é que as taxas de juros no Brasil devem começar a cair no próximo ano, depois que o BCB já fez uma pausa, enquanto os principais bancos centrais no exterior ainda estão em caminhando no ciclo de alta dos juros. Espera-se que a taxa Selic permaneça em 13,75% até meados de 2023 e caia para 10,0% até o final do ano. Enquanto isso, a trajetória das taxas globais ainda é bastante incerta.
Fonte: Bloomberg, XP Research.
PIB 2022
Com estes 3 pontos colocados no radar podemos trabalhar com os números do 3º Trimestre de 2022 para provisionarmos como será o ano de 2023 para a economia brasileira
O produto interno bruto (PIB) avançou 0,4% no terceiro trimestre de 2022, na comparação com o trimestre anterior, já livre de efeitos sazonais, e 3,6% na comparação interanual, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com o ajuste realizado em função da divulgação das Contas Nacionais Anuais referentes a 2020, que implicou a atualização de pesos e a incorporação de novas informações, os quatro trimestres de 2021, assim como os dois primeiros de 2022, foram reestimados. Com isso, o resultado acumulado em quatro trimestres para 2021 foi majorado de 4,6% para 5%. Em relação a 2022, na comparação com o mesmo período do ano anterior, os resultados do primeiro e segundo trimestres sofreram revisão para cima, passando de 1,7% para 2,4% e de 3,2% para 3,7%, respectivamente; o crescimento acumulado no ano no primeiro semestre passou de 2,5% para 3,1%. Nas comparações sobre o período imediatamente anterior, enquanto o primeiro trimestre aumentou de 1,1% para 1,3%, o segundo foi reduzido de 1,2% para 1%.
O avanço de 0,4% no terceiro trimestre representou a quinta variação positiva na margem em sequência, embora tenha apresentado uma significativa desaceleração em relação ao crescimento médio verificado no primeiro semestre (1,2%). Com isso, o carry-over para 2022 ficou em 3,1% – ou seja, caso permaneça estagnado no último trimestre, o PIB fechará o ano com alta de 3,1%.
Em relação à ótica da produção, o PIB da agropecuária voltou a apresentar o desempenho mais modesto, com recuo de 0,9% na margem e alta de 3,2% na comparação interanual. O resultado, que veio abaixo da nossa projeção de 11% sobre o mesmo trimestre de 2021, foi impactado pelas contribuições negativas das lavouras de cana--de-açúcar, mandioca e da produção de leite no período. Já o setor de serviços foi o destaque positivo no terceiro trimestre. Desde a normalização dos níveis de mobilidade urbana, o setor segue mantendo forte ritmo de recuperação. Menos afetado pelo aumento das taxas de juros, o consumo de serviços pelas famílias tem sido estimulado não somente por uma demanda reprimida, mas também pela melhora nos indicadores do mercado de trabalho. Além disso, a evolução dos seus preços tem sido mais benigna, vis-à-vis os preços dos bens, gerando efeitos de substituição. Por fim, o setor industrial registrou a terceira alta consecutiva na comparação dessazonalizada. O crescimento de 0,8% na margem desacelerou em relação ao observado no segundo trimestre (1,7%).
E EM 2023?
No futuro do ano que se aproxima, o que se vê é recessão mundial, principalmente no primeiro semestre.
Economistas recomendam cautela aos empresários para o ano que vem e se preparem para um cenário de baixo crescimento com taxas de câmbio e inflação semelhantes ao de 2022.
Em números, o que se espera para a economia brasileira em 2023 é o seguinte: crescimento do PIB de 0,7%, com indústria crescendo 3,05% e o setor de serviços apenas 0,68% (muito abaixo dos 3,5% registrados neste ano). Para a inflação, a expectativa é que a alta de preços fique próxima a 6% e a taxa de câmbio feche em torno de R$ 5,30 - semelhante ao cenário de 2022.
A recomendação é cautela, a qual se traduz em estoques menores, mais dinheiro em caixa e, se possível, distância dos empréstimos bancários.
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